Em reunião com o Grupo Hospitalar Conceição (GHC) do Ministério da Saúde e o Gabinete dos Prefeitos do Governo do Estado, a Famurs apresentou um diagnóstico detalhado sobre o cenário da saúde pública nos municípios gaúchos. A pauta, conduzida pela presidente e prefeita de Nonoai, Adriane Perin de Oliveira, e pelo coordenador de Saúde, Paulo Azeredo Filho, que participaram da reunião por vídeo, reforçou a necessidade de maior cooperação entre Estado e União para garantir o atendimento à população nas diferentes regiões do Rio Grande do Sul.
O encontro contou com a presença do diretor-presidente do GHC, Gilberto Barrichello, acompanhado do diretor Voltaire Santos, além do secretário de Articulação do Gabinete dos Prefeitos do Estado, Salmo Dias de Oliveira. Representaram ainda a Famurs o coordenador-geral Adriano Marangon, os assessores técnicos Pardal Jacobs e Beto Bordin, o prefeito de Jóia e presidente da AMUPLAM, Dionei Lewandowiski, e o coordenador de Comunicação Darlan Santos.
Durante a reunião, a presidente Adriane destacou a urgência de um novo olhar para o financiamento e a gestão da saúde pública nos municípios.
“Chegou o momento em que não dá mais. Os municípios fizeram tudo o que era possível, porque lá na ponta é o município, é o prefeito que precisa dar a resposta. Gostaríamos de atender todas as regiões, mas sabemos que isso não será possível. Ainda assim, estamos abertos a ouvir e construir juntos as soluções para junto com o GHC e sua estrutura reduzir as filas em atendimentos no Estado”, afirmou.
Adriane também lembrou que a Famurs apresentou, no Comitê Consultivo dos Recursos do Estado, dados técnicos que propõem uma distribuição per capita por região, de forma a garantir equilíbrio e equidade na aplicação dos recursos da saúde.
“Fizemos nossa parte, apresentamos as informações e os números, mas é fundamental que o Estado e o Governo Federal também nos ouçam. Os municípios estão comprometidos, mas precisam de apoio para seguir prestando um serviço de qualidade”, reforçou.
O coordenador de Saúde da Famurs, Paulo Azeredo Filho, apresentou dados que demonstram o esforço financeiro dos municípios na manutenção da rede pública.
“Hoje algumas prefeituras destinam mais de 39% dos recursos próprios para a saúde. Só em 2024, foram R$ 9,2 bilhões aplicados pelos municípios, sendo R$ 3,5 bilhões destinados à rede hospitalar. Além disso, os municípios gastam R$ 484 milhões por ano apenas com o transporte de pacientes, devido aos sistemas GERCON e GERINT”, destacou.
Paulo lembrou ainda que a Lei Federal 14.820/2024, que trata do reajuste da Tabela SUS, ainda não vem sendo cumprida pela União, e que o Estado assumiu o compromisso, junto ao Judiciário, de alcançar o mínimo constitucional de investimento em saúde até 2030.
Durante a reunião, o diretor-presidente do GHC, Gilberto Barrichello, apresentou dados sobre o programa Agora Tem Especialistas, que busca reduzir as filas de atendimento em áreas como oftalmologia, otorrinolaringologia, ortopedia, cardiologia e ginecologia. Segundo ele, o governo federal dispõe de R$ 39 milhões em recursos parados, que poderiam ser utilizados para agilizar os atendimentos. Barrichelo ainda detalhou o funcionamento das Carretas da Saúde e a importância de disponibilizá-las, seguindo critérios dos municípios que mais necessitam, para à população gaúcha.
Barrichello também citou o papel do SUS Gaúcho e a integração de programas como o Programa Nacional de Redução de Filas, com consultas, exames e diagnósticos garantidos em até 60 dias, além de iniciativas como os serviços de teleconsultas e telediagnósticos que estão sendo disponibilizados pelo ministério.
O secretário Salmo Dias de Oliveira reforçou a importância da atuação conjunta.
“A partir dos dados da Famurs e do GHC, será possível identificar as maiores demandas e buscar soluções efetivas em todas as regiões do Estado. Sabemos que a demanda maior é na região metropolitana, mas todas as regiões têm problemas. E dentro desse diagnóstico da Famurs será possível identificar as maiores demandas para sermos assertivos, buscando o melhor resultado possível”, disse.
Ao final, ficou encaminhado que Famurs e o Grupo Hospitalar Conceição do Ministério da Saúde irão aprofundar o debate técnico sobre os dados levantados, buscando maior eficiência na execução dos recursos disponíveis e na melhoria do atendimento à população.