CRAS recebe placa com nome da Professora Mariazinha Muller

O dia 16 de maio de 2017 ficará na história do Centro de Referência em Assistência Social de Nonoai. A partir deste dia, o local passa ser denominado CRAS Professora Mariazinha Machado Muller. A homenagem partiu do Legislativo Municipal e foi sancionada pelo Executivo. Em uma solenidade realizada na tarde do dia 16 de maio, a placa com o nome da homenageada foi descerrada no CRAS, agora denominado CRAS Professora Mariazinha Machado Muller, de acordo com a Lei Municipal nº 3.168/2016.

A solenidade de descerramento da placa no CRAS contou com a presença dos familiares da homenageada que foram representados pela sua filha Hortênsia Muller Tierling, do esposo da professora Mariazinha, seu Milton Muller, secretários municipais, vereadores, amigos, servidores do CRAS e convidados. Na ocasião, como agradecimento, a filha Hortênsia entregou um vaso de flores para o Prefeito Edilson Pompeu da Silva e para a coordenadora do CRAS, Siliandra Barbiero Bertuol.

Após o descerramento da placa, na Câmara de Vereadores de Nonoai, uma sessão ainda guardava mais homenagens e emoção para os presentes. Todos os líderes de bancadas da Câmara de Vereadores tiveram a oportunidade de manifestar suas homenagens a tão importante professora de nossa cidade. A vereadora Rosa Barbeiro, autora da lei que homenageia a professora Mariazinha, e a vereadora Luciana Zanovello, Presidente do Legislativo, receberam flores da família como forma de agradecimento pela homenagem. Após a sessão um coquetel foi servido.

 

Confira abaixo a galeria de fotos das solenidades no CRAS e na Câmara de Vereadores.

 

 Histórico da homenageada:

Maria Natalice Machado Muller, nascida em 25/12/1930, em uma noite de Natal, na Fazenda Bela Vista, na localidade de Passo do Lobo, na época pertencente ao Município de Nonoai — RS, sendo essa propriedade de seus pais, Hortência dos Santos Machado e Estevão Rodrigues Machado.Com apenas 12 anos de idade, foi residir com sua irmã mais velha, Hilda dos Santos Machado, na localidade de Linha Baú, pertencente ao Distrito de Trindade do Sul-RS, na época, Município de Nonoai-RS, onde foi professora em uma escola construída próximo às terras de sua irmã, ministrando aulas de alfabetização para filhos de agricultores daquela localidade. Ainda com 15 anos, deu continuidade aos estudos como interna na Escola Santa Gema Galgani, no Município de Sarandi — RS. Após, iniciou e concluiu na década de 1950 o curso de normalista, no Curso Normal Regional Medianeira da Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora, na cidade de Chapecó — SC, denominado Colégio Bom Pastor.

Em Santa Catarina, ministrou aulas no interior do Município de Chapecó-SC, na localidade de Linha Cascavel, onde estava situada a Fazenda Zandavalli, residência de sua tia Elzira dos Santos Zandavalli. Ainda em Chapecó, foi professora no Colégio Bom Pastor. Naquela mesma cidade, ministrou aulas de catecismo na Igreja do Bairro Maria

Goretti, pertencente à Paróquia Santo Antônio. A partir de 1960, passou a lecionar no Grupo Escolar Maria Dulcina, em Nonoai, até sua aposentadoria, no ano de 1987, sempre trabalhando como professora de alfabetização de crianças e adultos. O seu método próprio de alfabetização era reconhecido na região por conseguir alfabetizar, no período de 4 a 5 meses, alunos que sequer haviam frequentado a pré-escola. Por mais de uma década, lecionou em Nonoai para jovens e adultos no Movimento Brasileiro de Alfabetização — MOBRAL, o qual foi instituído durante a Ditadura Militar e estava vinculado ao Ministério da Educação e Cultura, que visava a educação continuada de adolescentes e adultos, cujo principal objetivo era de promover alfabetização funcional para os analfabetos de 15 ou mais anos de idade. Sua maior alegria era poder alfabetizar crianças, jovens e adultos, trabalho este reconhecido pela comunidade nonoaiense, pelos objetivos alcançados junto à população local.

Durante os seus 41 anos e 7 meses dedicados ao magistério (dos quais, 36 foram em Nonoai), relatava com orgulho o seu amor pela sua profissão, onde fez amizades e despertou o sentimento de gratidão dos seus alunos, que mesmo passados os anos, visitavam-na e recordavam os momentos felizes que passaram juntos na época do colégio.

Além disso, também foi professora de Catecismo e Ministra da Eucaristia na Igreja Matriz Nossa Senhora da Luz, em Nonoai. Sempre foi preocupada com as questões sociais do seu Município, participando do corpo de jurados do Tribunal do Júri da Comarca de Nonoai por mais de 25 anos, além de sempre ajudar a comunidade e os mais necessitados. Infelizmente, decorridos 3 anos de sua aposentadoria, ocorrida em 1987, quanto estava com 60 anos de idade, no ano de 1990 foi acometida por uma grave doença, denominada de Esclerose Lateral Amiotróflca Progressiva, patologia degenerativa e incurável. Porém, nunca desanimou e lutou bravamente contra a enfermidade, tendo conseguido sobreviver com dificuldades para falar, caminhar, engolir e respirar, somente sobrevivendo graças ao milagre da religião católica, pois tinha enorme fé em Deus e em Nossa Senhora, para a qual rezava diariamente, sempre com a esperança do milagre de que iria ser curada pelo poder da fé da Santa Igreja. Sua fé e coragem levaram-na a superar as expectativas de sobrevida dada pelos médicos, na época, que era de somente dois anos de vida. Ainda, foi diagnosticada com um câncer maligno no seio, aos 79 anos de idade e, mais uma vez, seguiu o tratamento dentro das suas limitações devido à Esclerose Lateral Amiotróflca Progressiva, tendo obtido, como ela dizia, a graça de ter controlado a doença. Veio a falecer aos 85 anos e 5 meses de idade e, apesar da limitação física, possuía total lucidez até seu último dia de vida. 

Do seu casamento com o agropecuarista Milton Muller, com o qual foi casada por 50 anos e 7 meses, teve sua única filha biológica, a Sra. Hortência Salett Múller Tierling, farmacêutica, casada com o também farmacêutico bioquímico Ivan Valter Tierling, pais de seu único neto biológico, Vinicius Ivan Múller Tierling, que era muito amado por sua avó, o qual carinhosamente a chamava de “Vó Quica” e que hoje está com 26 anos de idade, é advogado, residente em Florianópolis — SC. Ainda criou como filho o Sr. Antonio Marcelo Dias, o qual lhe deu dois netos. 

A Professora Mariazinha, como era carinhosamente chamada por seus alunos, deixou saudades a todos que a amavam e por ela tinham respeito e admiração, sendo para sempre lembrada pelas suas boas ações em prol da comunidade do Município de Nonoai.